Uma década antes de brilhar nos gramados da Copa do México, em 86, o agora cinquentão Maradona debutava no futebol com a camisa do Argentino Juniors. Porém, mesmo antes desse período, a magia do jovem jogador argentino dentro das quatro linhas já chamava a atenção. O encanto era tanto que, em um duelo entre a seleção juvenil da Argentina contra uma equipe formada por jogadores das divisões de acesso do país, o garoto chamou a atenção do jornalista Manolo Epelbaum. De origem hermana, mas ligado ao Brasil, ele - espantado com o talento do garoto - sugeriu a Hélio Maurício, então presidente do Flamengo, que contratasse o futuro craque. A resposta do dirigente, porém, acabou se mostrando precitada com o decorrer do tempo.
Já imaginou? Pibe poderia ter defendido Santos e Flamengo (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)
- Teve um jogo no campo do Vélez que eu assisti junto com o César Luis Menotti, e o garoto (Maradona) me causou a melhor impressão e me encheu os olhos. Então, na volta ao Brasil, eu falei com o Hélio Maurício que o Maradona era um jogador fora de série. Só que ele me respondeu: 'de craque de 16 anos, o Aterro está repleto' - disse o jornalista do SporTV, referindo-se ao Aterro do Flamengo, famoso reduto de jogadores amadores no Rio de Janeiro.
O presidente do Fla respondeu: 'de craque de 16 anos, o Aterro está repleto'"
Manolo Epelbaum
Presidente do Flamengo entre 74 e 76, Hélio Maurício esteve à frente do Rubro-Negro na época que o clube preparava uma safra especial: a geração de Zico e companhia, que futuramente iria faturar os principais títulos da história do Fla, na década de 80. Sem nem ter tido a chance de adicionar o nome de Maradona a essa seleta lista, o dirigente flamenguista mal sabia o que o jovem Pibe já era capaz de fazer na Argentina.
- No intervalo dos jogos do Argentino Juniors, ele (Maradona) entrava em campo e dava uma volta inteira no campo fazendo embaixadinhas. A torcida ficava maravilhada, tanto que ninguém saia das arquibancadas para comprar refrigerante e sanduíche só para assistir ao Pibe, apelido no qual ele era chamado desde novo.
Uma possível transferência, no entanto, seria complicada, já que os dirigentes do Argentino Juniors tinham noção da joia que possuíam nas mãos e não iriam facilitar para uma possível investida vinda de fora. Se não atuou com a camisa rubro-negra, Maradona enfrentou o Flamengo no dia 15 de setembro de 1981. Já pelo Boca, o Pibe entrou em campo em um amistoso no Maracanã, mas quem brilhou foi Zico. O Galinho marcou os dois gols da vitória da equipe carioca para a festa dos mais de 64 mil torcedores presentes no estádio.
Após Maradona ser demitido do comando da seleção argentina, em julho, o Flamengo chegou a ser cogitado como possível destino do treinador, mas Zico, então diretor executivo do clube da Gávea, negou qualquer conversa com o ex-camisa 10 argentino.
Conversas do Pibe com o Santos
Pelé revelou no ex-programa de Maradona chance
de o Pibe vestir camisa santista (Foto: Reuters)
de o Pibe vestir camisa santista (Foto: Reuters)
Se o Flamengo "rejeitou" Maradona por um dia, o Santos fez o caminho contrário. Em 2005, no ex-programa do argentino "La Noche del Diez", Pelé revelou que tentou negociar com o Pibe para levá-lo para a Vila Belmiro, isso já no fim da carreira do craque.
- Há oito, nove anos, eu quis comprar o passe desse garoto. Ele não quis, o que eu posso fazer? - disse Pelé, em 2005, para, em seguida, ser completado por Maradona.
- Nos reunimos no Rio de Janeiro com Pelé e gente do Santos, mas não deu certo.
No período citado por Pelé, Maradona defendia as cores do Boca Juniors e se encaminhava para pendurar as chuteiras. Com problemas de drogas e longe da forma física ideal, o Pibe decidiu não se arriscar no futebol brasileiro e só pôde se sentir um pouco mais brasileiro, quando, já aposentado, vestiu a camisa da Seleção em uma propaganda na televisão.
Fonte: Globoesporte
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